Lançamento de "Raízes de Liberdade" do escritor angolano Hermelindo Chico e texto exclusivo para você, leitor
Autor fará sessão de autógrafos no dia 21 de junho, na Arte e Letra.
Dentre os fantásticos lançamentos da Arte e Letra neste ano está o trabalho de Hermelindo Silvano Chico, Raízes de Liberdade. Nascido em Luanda, Angola, o escritor é Doutor em Direito Socioambiental e Sustentabilidade na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR e dedica-se a pesquisas que se debruçam sobre as sociedades tradicionais, explorando a relação entre os povos, seus modos de vida e o direito como um reflexo de suas histórias e necessidades. Mas antes de ser acadêmico, Hermelindo sempre foi um poeta silencioso, alguém que encontrou nas palavras escritas o que a fala muitas vezes não conseguia alcançar.
O lançamento acontece no dia 21 de junho, na Arte e Letra, em Curitiba, com a presença do autor e sessão de autógrafos.
E nesta edição da nossa newsletter você leitor conhece a capa do livro, que tem arte e projeto gráfico de Frede Tizzot, e também confere o prefácio escrito pelo autor, com exclusividade e na íntegra. Boa leitura!
Prefácio do autor
No silêncio da terra, onde o tempo repousa como um viajante cansado, existem raízes que não podem ser cortadas. Elas são antigas, tão antigas quanto o primeiro suspiro do vento sobre a savana, tão profundas quanto o olhar de quem carrega séculos de história em sua pele. Essas raízes, invisíveis a olho nu, são os alicerces da liberdade que pulsa em cada um de nós. “Raízes de Liberdade: Contos de Resistência e União” é um convite para descer às profundezas desse solo fértil, onde cada grão de areia guarda uma memória, uma voz, uma vida. Aqui, as palavras são mais que letras; são sementes lançadas ao vento, germinando histórias que não apenas emocionam, mas libertam. Ao virar as páginas deste livro, você não encontrará apenas contos. Encontrará cantos. Cânticos de luta, de saudade, de celebração. Encontrará ecos de batuques que nunca se calaram, mesmo quando as correntes tentaram abafar sua força. Encontrará as marcas de pés que dançaram na terra vermelha da África, e que, mesmo arrancados de suas origens, continuaram a marchar com dignidade pelas estradas do mundo. A liberdade, neste livro, não é um conceito abstrato. É uma chama que queima, às vezes suave como o crepitar de uma fogueira noturna, às vezes intensa como o fogo que consome, purifica e renasce. É o espírito de mulheres que, mesmo sob o peso da opressão, mantiveram-se eretas, com olhos fixos no horizonte. É o cântico dos povos tradicionais e indígenas, das populações negras, que transformaram a dor em poesia e a perda em resistência. É a celebração dos que amam livremente, tecendo laços de afeto e coragem, desafiando preconceitos e iluminando o mundo com a força do amor. É a voz da natureza que clama, das florestas que sussurram esperança, dos rios que levam consigo a memória dos tempos, e do vento que carrega a força da renovação. Cada conto é uma viagem por terras onde o passado encontra o presente em um abraço eterno. É uma jornada que começa no coração do continente africano, onde os primeiros homens e mulheres moldaram a essência do que significa ser humano. É uma celebração da diáspora, das mãos que construíram novos mundos sem jamais esquecerem o calor do antigo lar. E há magia nestas histórias. Não a magia dos contos de fadas ocidentais, mas a magia que corre nas veias do povo africano e seus descendentes. A magia de quem transforma o sofrimento em arte, a dor em força, o esquecimento em memória viva. A magia de quem dança com a chuva, de quem conversa com os ancestrais, de quem enxerga no mundo mais do que aquilo que os olhos alcançam. Ao ler este livro, você será conduzido por vozes que falam baixinho e gritam, que encantam e desafiam. Vozes que, como raízes, se entrelaçam em uma rede de solidariedade e unidade, lembrando-nos de que não estamos sozinhos em nossas lutas. Cada conto é uma árvore que brota dessas raízes, oferecendo sombra para os cansados, frutos para os famintos e inspiração para os sonhadores. E, no fundo, o que são raízes senão a ligação entre o invisível e o tangível, entre o que está oculto sob a terra e o que floresce à luz do dia? Este livro é essa ponte, esse elo que nos conecta ao que fomos, ao que somos e ao que podemos ser. Permita que essas histórias penetrem em sua alma como chuva que nutre o solo seco. Permita que as palavras que aqui repousam toquem as cordas do seu espírito, fazendo-as vibrar em harmonia com o pulsar da humanidade. Porque, afinal, as raízes da liberdade não são apenas nossas: elas pertencem a todos que ousam sonhar com um mundo mais justo e unido. Boas-vindas a este território sagrado de memória, resistência e esperança. Boas-vindas às “Raízes de Liberdade”.
Fique de olho nos detalhes sobre o evento que chegam em breve, aqui e no @arteeletra no Instagram!
Mais notícias!
No dia 28 de junho acontece o lançamento do livro de Carlos Machado, uma celebração pelos 20 anos de A voz do outro, lançado em 2004 e de Nós da província. Diálogos com o carbono, de 2005. A edição especial reúne os dois livros. Em breve mais detalhes!
NO PRELO Veludo violento, de Natasha Tinet!